Sexta-feira, 6 de Abril de 2007

E o tempo corre...

     

      Se não tivéssemos emoções ou sentimentos todos seríamos livres da dor... não tínhamos ilusões, ansiedades, medos e mágoas, só existiria em nós a lógica... Seria isso bom? Não sei se seria... Acredito que nos devemos empenhar em viver com qualidade de Vida e dar, na medida das nossas possibilidades, o que de bom temos.

 

       Para muitos dos pais o tempo é de sofrimento e o processo de reconciliação com a Vida é ainda longo e doloroso. Há que alcançar a esperança para que a alegria saudável volte ao seu interior e brilhe nos seus olhos. Recomeçar!

 

        O meu pensamento não é uma lei, não é uma certeza, é o meu sentir, a minha experiência perante a minha vivência de muitos anos de luto. Perdura em mim o ausente e isso, de certa maneira, conforta-me porque permanentemente esse filho me acompanha.

 

       Agarro-me a todos os bens que ele me deixou: a sua bondade, alegria e força. A beleza que irradiava, as suas palavras inocentes mas tão sábias, a despedida feita, sem que a morte fosse ainda anunciada, foram bênçãos para a minha vida e um grande e são orgulho me invade de ter tido este filho e de ter partilhado com ele onze lindas Primaveras. Digo Primaveras porque ele foi e será sempre a minha Primavera, o meu renascer...

 

        E o tempo corre, os anos passam e começamos a perder a nitidez da Vida passada, da voz do nosso filho, dos seus gestos e com angústia interrogamo-nos: Como é isso possível? Mas é assim...a sua Vida que foi palpável desapareceu e ficaram as suas palavras sem som e o seu espírito recolhe-se em nós mais vivo do que nunca. 

 

Neste fim de tarde quase vermelho

Um pouco alegre dentro do triste

Passeiam os pensamentos, os anseios

Vãos e irrealizáveis transbordando... 

  

E a flor cresce na terra quente

E o mar em ondas ruge e se espraia

Os anos não matam os momentos

Crescem, urram transbordando... 

  

Quem me dera falar-te, dizer-te

Em fim, amar-te vivo, criar-te em mim

Mas, meu amor, como era a tua voz?

Riso apagado, tristeza transbordando...

 

 

                                                               Aida Nuno

 

sinto-me: com coragem
publicado por criar e ousar às 19:11
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Terça-feira, 6 de Fevereiro de 2007

Introdução

                                                   

Pelo calor da noite

A morte veio sozinha

Cega arrebatou uma flor

Ainda Primavera.

  

Morte tão fria! Tão gelada!

Caminhas sobre mágoas.

Cobre-te um manto negro

Feito de pranto

Que ventre te gerou?

Nas trevas vagueias

Muda e cega

Nunca viste nascer uma flor.

    A.N.

                                            

                                         Em memória do meu filho Nuno

 

        Blog elaborado com a finalidade de ajudar os pais em luto que sofrem a perda dos seus filhos e o desejo de sensibilizar a reforçar os laços daqueles que têm a felicidade de os terem vivos.

        Mais ou menos intensa, como as ondas perante as marés, a saudade não tem tempo, persiste para sempre.

                                                                      

                                                                         Aida Nuno

                                                                                               
sinto-me: bem para continuar
publicado por criar e ousar às 11:15
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