Sábado, 7 de Maio de 2011

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Minha querida amiga,
 
Gostei imenso de receber a sua carta. Primeiro porque consegui que respondesse ao meu apelo e depois porque confiou, por momentos, a sua alma a outra mãe.
 
Um filho, minha amiga, é para sempre... Só morre quando nós, mães, fecharmos os olhos um dia.
 
Porquê? Porque tivemos que passar por esta tão grande dor?
Não sabemos, ninguém o sabe.
 
Eu, por mim, para me consolar, tento encontrar-me com o Universo, com todo este mundo em que vivemos e que é impossível, por muito conhecimento que se tenha, por muito que nos mostrem os órgãos de informação, livros, revistas, etc... alcançar verdadeiramente o sentido, o sofrimento de toda a humanidade na nossa pele. Tudo é muito mais... por isso é que nós mães em luto somos irmãs. Ninguém mais pode alcançar este sentimento de perda.
 
Tantas mães sofrendo. Umas não chegaram a conhecer os seus filhos e pensarão sempre como eles seriam se tivessem conhecido o mundo, como seria a sua voz chamando Mãe!; mães olhando os filhos a definhar com doenças incuráveis sem nada poderem fazer até ao fim; outras em segundos perdem os seus filhos nas estradas ou em circunstâncias mais diversas; outras mães sofrem vendo os seus filhos a perderem-se com companhias, drogas, etc. até à morte, sem nada poderem fazer.
Porquê? Porque fomos escolhidas? Porque foram os nossos filhos os escolhidos? Será que aconteceu e pronto?
 
Minha amiga eu acredito que nada é em vão... e tanto assim é que com este grande sofrimento nos transformamos. Só gostaria que todas as mães em luto lutassem e passassem as suas energias, a sua sabedoria, a sua bondade para o próximo em memória do seu ausente. Demore o tempo que demorar, eu sei, mas é este um grandioso objectivo que nos dará mais serenidade e vontade de continuar.
 
Repare nos amigos do seu filho... tenho a certeza que se modificaram para melhor em relação ao sucedido ao seu filho. A Estela vai certamente ser uma grande Mulher. E a Teresa com esses meninos a quem ensina com tanto empenho? Tudo o que lhes disser vai ser captado. Mostre-lhes a sorte que têm mesmo que tudo que tenham não seja assim tanta sorte! E a sua família que eu vislumbro ser tão unida? E a sua sensibilidade perante as suas flores? A sua vontade de continuar... obrigada também pelo que me deu.
 
Vamos ser firmes e caminhar com coragem e lembrar os nossos filhos com orgulho. Oferecemo-los ao mundo onde viveram tão pouco tempo mas, serão sempre lembrados com muito amor pelo que nos trouxeram, pelo que fizeram por nós. Essa dádiva será transmitida a outros. Talvez seja esse o cerne do sofrimento.
 
Uma amiga sempre ao seu dispor
 
Aida Nuno
 
 
sinto-me:
publicado por criar e ousar às 20:11
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